Halford John Mackinder (1861-1947), geógrafo e político britânico, trouxe um importante contributo à teorização geopolítica clássica, com as suas teorias de 1904, 1919 e 1943, respectivamente. Complementadas com os desenvolvimentos dados por Nicholas Spykman e com o estudo dos poderes conjugados conseguiram a projecção dos Estados Unidos da América para o Atlântico, travando o expansionismo eurasiático, uma vez que quem controlasse a Europa de Leste, comandava o Heartland (massa continental rica em recursos e delimitada por fronteiras naturais, tendo no papel central a Rússia, elo entre a Ásia e a Europa); quem controlasse o Heartland, comandava a Ilha Mundial (Europa e África); quem comandasse a Ilha Mundial, comandava os destinos do Mundo.
A terceira teoria de Mackinder confirma o seu tradicionalismo e a sua crença numa Eurásia enquanto “grande massa terrestre dominante e rica em recursos”, cujo pivot central permitia controlar a Ilha Mundial.
Desta forma, devido ao curso da Segunda Guerra Mundial, Mackinder renovava as suas teorias, sendo introduzido o conceito de Midland Ocean; era explorada a zona do Atlântico Norte e mares adjacentes, uma vez que assentava na premissa do continente americano conseguir rivalizar com o Heartland, convencionando um equilíbrio de poderes.
Finda a Segunda Grande Guerra, a teoria influenciou a divisão da Alemanha em dois Estados distintos e a própria assinatura do Tratado de Washington, constitutivo da NATO, em 1949. Esta dualidade põe-se dado a União Soviética ter saído vencedora e voltar a ser necessária a existência de Estados-Tampão como garante do distanciamento germano-russo, evitando a hegemonia russa no caso de conquista do espaço alemão.
Encontrando-se a Alemanha espoliada por quatro potências (Estados Unidos da América, Reino Unido, França e União Soviética), a conjugação de poderes era visível com: o terrestre a leste, no Heartland, e o marítimo a oeste, devido à capacidade anfíbia do Midland Ocean. Aqui, criava-se um triângulo de defesa atlântica com o topo nos EUA e a base no Reino Unido e em França. Ainda que a URSS tivesse um maior valor defensivo, devido às fronteiras naturais do Heartland, o grande objectivo atlanticista era, nas palavras do primeiro Secretário-Geral da NATO, Hastings Ismay, “to keep the Russians out, the Americans in, and the Germans down”. O poder marítimo encontrava-se, portanto, suportado pelo poder terrestre.
Todavia, na óptica de Mackinder, a contenção da Alemanha e o expansionismo soviético poderiam suscitar numa cooperação entre potências ocidentais vencedoras da Segunda Guerra Mundial e a URSS no caso de haver claras ameaças à Paz mundial - o que acabou por não acontecer devido à Guerra Fria.
Face à necessidade presente de encontrar um Novo Conceito Estratégico, a Organização terá que se focar no grande objectivo de “garantir o futuro” e responder a três questões essenciais: intervenção fora de área, parcerias globais ou ligas de democracias e processos de alargamento.
Neste sentido, os valores atlanticistas terão que ser mantidos intactos, já que, “whether NATO goes out of area or out of work”. Torna-se importante que actue fora de área, respondendo eficientemente aos desafios globais, garantindo estabilidade internacional.
Acima de tudo, e adequando as palavras de Lord Ismay, importa manter os poderes erráticos fora, os valores democráticos e atlanticistas dentro, e as ameaças em baixo.