quinta-feira, 18 de junho de 2009

SIMOTAN IV: Relatório da Simulação do Conselho da NATO


Decorreu de 20 a 23 de Maio no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade Técnica de Lisboa (UTL), a quarta edição (consecutiva) da SIMOTAN, a Simulação do Conselho da Organização do Tratado do Atlântico Norte, organizada pela Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico (AJPA) e pela Comissão Portuguesa do Atlântico (CPA).
O primeiro dia incluído na simulação, 20 de Maio, ficou marcado pelas chegadas dos participantes estrangeiros e pela realização de um jantar-convívio, de modo a que organização e participantes travassem conhecimentos e partilhassem experiências e expectativas em relação à simulação em si.
A sessão oficial de boas-vindas teve lugar na manhã de dia 21, onde o Vice-Almirante Alexandre Reis Rodrigues (Secretário-Geral da CPA), o Professor Victor Marques dos Santos (Docente ISCSP/UTL) e Samuel de Paiva Pires (Presidente da AJPA e Vice-Presidente da YATA) proferiram palavras de agradecimento e remeteram para a importância do evento, mantendo, desta forma, intactos, os valores atlanticistas
Partindo para a sala do Conselho, foi, então, apresentado o cenário de crise deste ano, que juntou na mesma mesa as equipas de representantes oficiais da Alemanha, Croácia, Estados Unidos da América, França, Itália, Noruega, Polónia, Portugal, Reino Unido e da Turquia, de modo a alcançarem um consenso a propósito de uma crise política na Mauritânia.
O antigo Presidente mauritano, Sidi Mohamed Ould Cheikh Abdallahi, promoveu no território um golpe de Estado que acabou falhado, numa tentativa de voltar a ganhar poder. Este suceder de acontecimentos provocou profundas instabilidades políticas internas. Porém, o golpe terminou num motim, tendo sido apontadas inicialmente 40 mortes. O Presidente Ba Mamadou dit M’Baré não hesitou e acusou tanto o Senegal como a França por apoiarem a tentativa de golpe de Estado.
Entretanto, o exército mauritano invadiu bases militares francesas e prendeu tropas francesas estacionadas no país. Apesar do Senegal e da França negarem qualquer envolvimento, este último exigia a libertação das suas tropas e pedia o apoio da NATO, ao mesmo tempo que a tensão aumentava na fronteira mauritano-senegalesa. 
Confrontados com esta hipotética realidade, os 24 (vinte e quatro) participantes começaram a preparar o primeiro dia de trabalho, atentando particularmente à definição das posições iniciais e à tomada de decisões de salvaguarda dos seus interesses estatais.
Na sua maioria, os representantes de cada Estado constataram que se encontravam num conflito internacional que poderia originar graves repercussões, apesar de se mostrarem solidários com a França, apoiando ou a intervenção da NATO, ou a monitorização das fronteiras mauritano-senegalesas. O desrespeito pelos Direitos Humanos foi por várias vezes invocado, embora a crise em si não espoletasse a intervenção do Artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte.
O plenário manteve a discussão, onde se debateu a total cooperação estatal, as conversações diplomáticas e a monitorização tanto das fronteiras, como dos portos, sem, no entanto, se chegar a alguma decisão unânime. Assim, tinha chegado ao fim o primeiro dia de simulação.
O dia 22 de Maio começou com uma conferência de imprensa, na qual foram postas quatro questões rápidas às delegações polaca, turca, portuguesa e norueguesa, relativamente a afirmações controversas prestadas no dia anterior. 
Porém, uma instant press release veio a declarar o envolvimento da França numa tentativa falhada de salvamento das suas tropas estacionadas na Mauritânia. Seguiram-se as conversações e a consequente incriminação francesa pela acção unilateral. Chegou a considerar-se a presença da França no Conselho como comprometedora. Contudo, as opiniões divergiram ainda mais, uma vez que uma facção optava pela intervenção militar enquanto outra optava pelo diálogo diplomático, encontrando no Mali uma zona chave para conversações com a União Africana.
Nessa mesma tarde, foi proposta e votada a intervenção efectiva da NATO na região. Todavia, uma segunda instant press release foi posta a circular, condicionando a moção. Nesta nota da imprensa, o actual Presidente da União Africana, Muammar al-Gaddafi, afirmou que aceita observadores da NATO no território, mas que não tolera qualquer ingerência nos assuntos internos de qualquer Estado da União Africana, dado que a França causou o problema inicial e que a União Africana tem capacidade de tomar providência da situação.
Com estas declarações e após uma segunda conferência de imprensa, o Conselho não chegou a um consenso e aproveitou o jantar e o passeio nocturno por Lisboa para descontrair e arranjar forças para o derradeiro dia.
Sábado, dia 23 de Maio, abriu com a apresentação dos últimos testemunhos e com a elaboração de uma proposta final, que acabou por ser aprovada por unanimidade. A moção apresentada pelos Estados Unidos da América, pela França e pelo Reino Unido apelou à acção da União Africana na zona de crise num espaço temporal de 48 horas, de modo a socorrer as tropas francesas capturadas. Caso contrário, seria a Organização do Atlântico Norte a tomar as rédeas da acção. A proposta indicou, também, um encontro diplomático entre o Mali, o Senegal, a União Africana e observadores do Conselho do Atlântico Norte, para garantir a estabilidade política na Mauritânia, tentando igualmente aí restaurar a democracia.
Antes da sessão formal de encerramento com o Dr. Jorge Girão (Comissão Portuguesa do Atlântico), com o Professor Victor Marques dos Santos e com Samuel de Paiva Pires, e da entrega de diplomas, foi ainda promovido um pequeno show de stand-up comedy, levado a cabo por Paulo Cardoso (AJPA), onde foram expostos os momentos mais distintos e hilariantes da Simulação.
A Simulação chegou oficialmente ao fim depois do agradável almoço no Páteo Alfacinha, marcado pelo espírito de união e de partilha vividos nos três últimos dias. Fica na memória a possibilidade de um grupo tão distinto se ter cruzado connosco nesta Lisboa tão sui generis
Um muito obrigado em nome da AJPA e da CPA. Ansiamos para que voltem.

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