Nos dias 26 e 27 de Novembro de 2008, teve lugar na Haia uma interessante Conferência organizada pela YATA Holandesa subordinada ao tema “Energy for all – a challenge for all”.
Neste encontro, estiveram presentes representantes das mais diversas YATA’s, o que permitiu obter um resultado final que espelhasse as verdadeiras preocupações mundiais naquilo que diz respeito às questões energéticas. Desta forma, considero que tal conferência foi bastante proveitosa, principalmente porque fez compreender aos jovens presentes as dificuldades existentes nos processos de negociação relativos a estas matérias. Devo desta forma agradecer a todo o Staff pela magnífica Conferência que organizaram.
Como introdução ao tema que iria ser tratado, os participantes tiveram a oportunidade de estudar em detalhe aqueles que são os “Shell Energy Scenarios to 2050”. A análise detalhada de tal documento permitiu concluir que existe por parte de todos os actores internacionais o reconhecimento da necessidade de mudar, de criar novas vias, diferentes daquelas que até então guiam os nossos destinos. É, portanto, necessário que tenhamos a consciência de que as alterações climáticas são de facto uma realidade, cabendo ao homem lutar para as subverter, isto se quiser viver num mundo mais saudável e justo para com as necessidades ambientais.
É, no entanto, uma questão de grande interesse para o mundo e que como tal é também muito polémica. Como é possível conciliar dentro da União Europeia uma única Política Energética Comum? Como é possível gerir as desigualdades ao nível da posse de recursos energéticos entre Estados? Será responsável a continuação da aposta no petróleo ainda que reformulado, no sentido de o tornar menos poluente? Será mais responsável apostar nos renováveis? Irão os Estados Unidos aceitar um novo “Protocolo de Quioto” em 2013? Enfim, foram estas e muitas mais as questões colocadas pelos participantes aos oradores convidados. Mas como atrás referi, são perguntas interessantes mas de difícil resposta.
Mas aquilo que de maior interesse reveste esta conferência prende-se com o papel da NATO no meio de todas estas problemáticas. Como sabemos a NATO foi fundada em 1949 como organização militar defensiva, cujo objectivo era a defesa dos seus Estados Membros. Aquilo a que hoje em dia assistimos, e pudemos comprovar nesta sessão, é uma quase total inversão do papel da NATO no mundo, vendo-se cada vez menos como organização defensiva e cada vez mais como organização securitária. Isto é, o papel da NATO, naquilo que diz respeito a estas matérias, consiste na protecção das zonas críticas, ou seja, na vigilância daquelas zonas que pelo seu potencial energético são constantemente foco de crises, que a mais das vezes culminam em conflitos armados. Foram dados exemplos como o combate à pirataria nas águas da Etiópia, a instabilidade política e social na região dos Balcãs, os ataques frequentes às centrais petrolíferas por parte de grupos armados rebeldes que, pela sua acção subversiva, impõem a instabilidade nestas áreas regionais, o que por efeito de catapulta vem a ter consequências nas forma como a cena internacional se encontra estabelecida. Nesta perspectiva, a NATO mais não é que um elemento de estabilização nestas áreas. Esta é uma perspectiva interessante, que demonstra a capacidade da NATO se adaptar às novas exigências da sociedade internacional, bastante mais complexa e exigente que nos anos da sua fundação.
Podemos então concluir que a Conferência foi no seu todo bastante proveitosa, visto que os seus participantes tiveram a oportunidade de ficar a conhecer um pouco melhor a questão das alterações climáticas e dos esforços que estão neste sentido a ser conseguidos, ou não a nível internacional.
Jorge Piteira Martins
AJPA
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