Os esforços “bem sucedidos” de Cabo Verde no combate ao tráfico de droga e na boa governação podem abrir portas a outras organizações regionais ou internacionais, sendo ainda cedo para se definir uma eventual adesão à NATO.
As palavras são da embaixadora dos Estados Unidos na Praia, Marianne Myles, quando questionada hoje pela Agência Lusa sobre a eventualidade de Cabo Verde poder aderir ou entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
A diplomata norte-americana, que falava à Lusa na sequência da visita de um dia a Cabo Verde da Adjunta do Comandante para as Actividades Civis e Militares do Comando Africano dos Estados Unidos (Africom), Mary Carlin Yates, salientou que os esforços “bem sucedidos” das autoridades da Praia no combate ao tráfico de droga e outras ilegalidades “podem abrir muitas portas de muitas organizações”.
“O nível de cooperação que Cabo Verde tem mantido e o interesse em encontrar uma solução regional fala muito bem por Cabo Verde, mostra os esforços desenvolvidos. Têm vários parceiros e uma relação especial com a União Europeia (UE) e isso é muito importante para o futuro”, referiu.
“Não penso que estamos (EUA) em posição de expressar uma opinião sobre uma eventual adesão do país à NATO, ou sobre um convite ao país para integrar a NATO. A questão importante é saber se estão a colaborar com os parceiros e se estão a realizar progressos na luta contra o tráfico de droga. E, ambos os casos, a minha resposta é sim, o que irá abrir portas de muitos lados”, frisou Marianne Myles.
“Um parceiro que tem caminhado na direcção certa e que tem mostrado melhorias na luta contra o tráfico de droga, afectando recursos (financeiros e humanos) para essa prioridade, obviamente que vai abrir ainda mais portas a parceiros. Cabo Verde, aliás, tem-se mostrado um parceiro muito fiável, de muitas maneiras”, adiantou.
Já Mary Yates, instada a pronunciar-se sobre o papel que Portugal pode desenvolver no combate ao tráfico de droga na África Ocidental, nomeadamente em Cabo Verde e Guiné-Bissau, indicou que as autoridades de Lisboa estão a trabalhar já nas formas de actuação a seguir, integrando-se nas acções de cooperação bilateral e multilateral.
“Temos uma excelente cooperação com Portugal, onde já estive (em Novembro de 2008), e temos em curso uma acção conjunta na área da formação da Polícia, entre outras acções. Mas estamos a procurar novas formas de cooperação, aos níveis bilateral e multilateral, e é por isso que irei ainda ao Gana, Senegal e Guiné-Bissau, para tentar apoiar o processo de reformas no domínio da segurança”, referiu.
Sobre a eventualidade de Cabo Verde poder vir a albergar a sede do Africom, Mary Yates reiterou o que já tinha dito em Novembro último, quando esteve em Lisboa, lembrando que, até 2012, o “quartel-general” do Comando permanecerá em Estugarda (Alemanha).
“Até 2012, (a sede do Africom) manter-se-á em Estugarda. Por isso, com a nossa presença lá, e em colaboração estreita com os governos da África Ocidental e com os aliados europeus, é uma boa solução para encontrarmos soluções”, referiu.
Mary Yates chegou quinta-feira à noite à Praia para manter encontros com os ministros cabo-verdianos da Defesa, Cristina Lima, e dos Negócios Estrangeiros, José Brito, com quem analisou o reforço da cooperação norte-americana em vários domínios, com realce para o apoio às acções conjuntas no combate ao tráfico de droga.
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