domingo, 3 de maio de 2009

A NATO e a pirataria na Somália



O Golfo de Aden é um dos principais itinerários petrolíferos marítimos. Fazendo a ponte entre os países produtores na península arábica e a circulação no Oceano Indico é um ponto fulcral para a navegação e comércio do petróleo mundial.

O problema da pirataria ao largo da costa da Somália, junto a este importante ponto de passagem, remonta ao princípio da década de noventa, após o inicio da guerra civil e a sucessão de governos instáveis que foram delapidando a ordem interna do país. A juntar à volubilidade no corno de África, não nos esqueçamos que a Somália é assolada por uma pobreza extrema, ocupando actualmente o 190º lugar na lista do PIB per capita mundial. Esta convulsão política e social levou ao estabelecimento de diversas milícias que gradualmente assumiram o comando da orla marítima e actualmente a dominam. As milícias são compostas por piratas com instrução militar, alguns especializados em armamento pesado e por pescadores que por razões de subsistência se juntaram a este tipo de organizações.

O fenómeno da pirataria tem vindo a tomar proporções alarmantes que já há algum tempo preocupam a comunidade internacional. Em 2008 o governo somali começou a tomar medidas para o combate a estes ataques, no entanto tais medidas têm-se mostrado ineficazes e os apelos aos países vizinhos e organizações internacionais como a NATO têm-se sucedido. No ano passado, registaram-se mais de 40 sequestros a navios de diversas nacionalidades em que a carga é apreendida e vendida pelos piratas e os marinheiros são tomados como prisioneiros e retidos até ser pago um avultado resgate.

A NATO está presente na Costa da Somália desde Outubro de 2008. Em Março, a fragata portuguesa Côrte-real assumiu o comando da força naval da NATO nesta zona. Actualmente com 5 barcos nesta região, a NATO alarga a sua esfera de intervenção e cooperando com as marinhas da India, Russia, China e Irão assegura a circulação neste ponto crítico de navegação.
No entanto os ataques sucedem-se e na passada sexta-feira (1 de Maio), a fragata Côrte-real conseguiu impedir um ataque ao navio “Kition”. Depois de uma perseguição a alta velocidade, os piratas foram interceptados e desarmados. Tinham em sua posse granadas, dinamite e armas automáticas.

Com a intervenção internacional focada especialmente no Golfo de Aden, os piratas somalis têm alargado o seu espectro de acção para as costas dos países vizinhos e nada faz prever um abrandamento do sequestro de navios, já que poucas horas depois do ataque falhado ao “Kition”, o assalto ao “Ariana” foi bem sucedido.

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